Democracia brasileira em crise aponta estudo da Alfa Inteligência
Democracia em crise: 60% dos nordestinos acreditam no enfraquecimento da democracia brasileira, diz pesquisa da Alfa Inteligência

Democracia brasileira em crise aponta estudo da Alfa Inteligência
60% dos nordestinos acreditam no enfraquecimento da democracia brasileira, diz pesquisa da Alfa Inteligência
A democracia brasileira vive um momento de questionamentos, e os dados mais recentes mostram que essa preocupação não é infundada. Uma pesquisa realizada pela Alfa Inteligência revelou que 60% dos nordestinos acreditam que o Brasil está passando por um processo de enfraquecimento democrático. Esse número, por si só, já seria alarmante, mas quando analisamos os recortes geracionais, religiosos e educacionais, percebemos que a situação é ainda mais complexa e preocupante.
O estudo, que entrevistou 2.404 pessoas em 130 cidades do Nordeste, com margem de erro de apenas 2 pontos percentuais e 95% de confiança, oferece um retrato detalhado de como diferentes grupos sociais estão percebendo o atual momento político do país.
A Percepção da Democracia Brasileira no Nordeste
A democracia brasileira vem sendo amplamente questionada e defendida na mídia nacional por grupos opostos. Consequentemente essa polarização se reflete no conhecimento e no sentimento político da população em geral.
Quando perguntados se acreditavam que o Brasil estava vivendo um momento de fortalecimento ou enfraquecimento da democracia, a maioria dos entrevistados escolheram a segunda opção: 60% disseram que a democracia está enfraquecida. Apenas 17% acreditam que ela está se fortalecendo e outros 14% disseram que a situação está igual, já 9% não souberam ou não quiseram responder.
Esses números deixam claro que a maioria da população nordestina está preocupada com o rumo que a democracia brasileira está tomando, mas essa insatisfação não está distribuída de forma homogênea entre todos os grupos sociais.
Democracia brasileira e diferenças geracionais
Um dos aspectos mais interessantes revelados pela pesquisa é a diferença geracional na percepção sobre a democracia. Entre os jovens de 16 a 24 anos, a descrença no sistema democrático é ainda maior, chegando a 65%. Já entre os idosos com 70 anos ou mais, esse número cai para 46%.
Essa diferença de 19 pontos percentuais entre as faixas etárias mais jovens e mais velhas mostra que os jovens estão muito mais críticos em relação ao funcionamento da democracia no Brasil. Esse dado é particularmente preocupante pois aponta uma nova geração que começa sua vida adulta desacreditando do sistema democrático:
- Os jovens estão mais descrentes com o sistema político atual
- Os mais velhos, que viveram períodos autoritários, têm uma visão menos pessimista
Essa divisão pode ser explicada pelo acesso à informação, experiências históricas diferentes e expectativas em relação ao futuro do país.
Religião e educação influenciam a visão sobre a democracia brasileira
Outro recorte que chama atenção na pesquisa é o religioso. Entre os evangélicos, 72% acreditam que a democracia está enfraquecida, enquanto entre os católicos esse número cai para 55%.
Essa diferença de 17 pontos percentuais entre os dois maiores grupos religiosos do país mostra como a religião pode influenciar a visão que as pessoas têm sobre a política e as instituições democráticas.
É possível que líderes religiosos e discursos dentro dessas comunidades estejam contribuindo para moldar essas percepções tão distintas.
Mas talvez o dado mais surpreendente da pesquisa seja o que revela a relação entre nível educacional e percepção da democracia:
- 49% das pessoas sem escolaridade acham que a democracia está em crise.
- 60% dos que têm ensino superior concordam.
- 77% dos pós-graduados veem enfraquecimento.
Ou seja, quanto maior o nível de educação formal, maior a descrença na solidez da democracia brasileira. Esse é um dado que contraria a expectativa de que pessoas mais educadas tenderiam a ser mais otimistas em relação às instituições democráticas.
Por que os números importam?
Diante desses números, é importante entender o que eles significam na prática. Quando uma parcela significativa da população passa a desacreditar do sistema democrático, isso pode levar a uma série de consequências negativas:
- Desengajamento político: Se as pessoas não acreditam no sistema, podem deixar de participar (votar, protestar, debater).
- Radicalização: A descrença pode alimentar discursos extremistas, tanto à direita quanto à esquerda.
- Instabilidade institucional: Se a maioria da população perde a fé na democracia, crises políticas podem se intensificar
Emanoelton Borges, CEO da Alfa Inteligência, resumiu bem a importância desses dados:
“Esse dado não é apenas uma estatística, é um alerta contundente sobre o estado de espírito da sociedade, especialmente entre os mais jovens e mais escolarizados.”
De fato, quando quase dois terços da população de uma região tão importante como o Nordeste acreditam que a democracia está enfraquecida, é sinal de que algo muito sério está acontecendo.
Nos últimos anos, o país passou por uma série de crises políticas e institucionais, com polarização extrema e confrontos entre os poderes. Além disso, problemas econômicos persistentes, como desemprego e inflação, podem estar contribuindo para essa visão negativa, já que muitas pessoas associam a qualidade da democracia com a qualidade de vida.
Outro fator que influencia os números é a forma como a política tem sido discutida no espaço público. Com o crescimento das redes sociais e a disseminação de notícias falsas, muitas pessoas são expostas a visões distorcidas sobre como a democracia funciona.
Os números mostram que a democracia brasileira está sob pressão. Se nada for feito, a desconfiança pode aumentar, gerando mais realização e instabilidade. Diante desse cenário, o que pode ser feito para reverter essa tendência?
- Diálogo político: É preciso reduzir a polarização e promover debates mais construtivos.
- Transparência institucional: Governo, Judiciário e Congresso devem agir com mais clareza para recuperar a confiança.
- Educação cívica: Ensinar sobre democracia pode ajudar a formar cidadãos mais críticos e engajados.
A pesquisa da Alfa Inteligência serve como um alerta importante sobre os desafios que a democracia brasileira está enfrentando. Os números mostram que a maioria dos nordestinos já percebe que há algo errado. Agora, é preciso entender as causas profundas desse mal-estar e trabalhar para construir uma democracia mais forte, mais inclusiva e mais capaz de responder às necessidades e aspirações de todos os brasileiros.