Govtechs levam inovação além do corporativo, para a vida da população
Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de pessoas mais conectadas à internet mas apenas a 54ª posição de governo eletrônico
A burocracia no universo público não é segredo para ninguém. Longas filas de espera para o público e trabalho exaustivo do gestor, que muitas vezes não dá conta da demanda em decorrência do volume de trabalho, dão o tom das repartições públicas brasileiras.
Porém, esse cenário vem se transformando com a utilização da tecnologia nas mais diversas esferas de governo, passando por áreas fundamentais para o funcionamento da sociedade, como saúde, educação, trânsito, portal de transparência e outros processos.
Assim, o investimento em inteligência de gestão e inovação já é visto como a alternativa que vai revolucionar como se governa o país. Para isso, as chamadas govtechs criam a cada dia novas soluções para atender às demandas do público de forma disruptiva e rápida, auxiliando na economia de recursos e no aumento da eficiência nas mais variadas atividades.
Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking de pessoas mais conectadas à internet e a 54ª posição de governo eletrônico. Essa contradição fica ainda mais evidente quando se olha o número de govtechs no Brasil. Em 2022, existiam apenas 135 startups que se encaixavam no modelo no país, sendo 80 com projetos já em andamento com governos, ou trabalhando com eles em outras formas de colaboração de maneira recorrente, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).
Para transformar esse cenário e adaptar a gestão pública à realidade dos cidadãos, foi sancionada no começo desse ano a Lei Federal 14.129, mais conhecida como Lei de Governo Digital. A iniciativa é um importante instrumento legal para guiar o processo de desburocratização e modernização dos serviços públicos no âmbito nacional e local. Esse passo é essencial para permear as atividades nessa busca por mais eficiência e uma oferta de serviços com mais qualidade aos cidadãos.
Com o avanço dos processos de regulação, capacitação e investimentos, 2023 promete ser um ano de consolidação para essas startups. A difusão das ideias entre os entes públicos também os torna mais abertos a propostas, e o ecossistema de inovação no setor público deve alcançar os players de interesse, bem como parcerias e ventures de apoio.
O futuro é agora e precisa expandir as fronteiras corporativas para alcançar o que é público. A conectividade nos órgãos municipais, estaduais e federais traz a temática do governo 4.0 – já em voga nas instituições internacionais há anos – e fomenta uma iniciativa mais proativa de prefeitos, governadores e outras lideranças tão essenciais na vida real da população.
*Emanoelton Borges, CEO da Alfa Inteligência